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Substack reage a boicote do Twitter e lança concorrente

Nova ferramenta permite publicação de textos curtos dentro da plataforma

Não é novidade que o Twitter vem passando por uma série de oscilações e acumulando reclamações dos usuários desde que foi adquirido pelo bilionário Elon Musk, em outubro do ano passado. Desde então, várias plataformas – como T2, Mastodon e Post – vêm tentando oferecer serviços semelhantes e conquistar os dissidentes da rede social, mas nenhuma delas conseguiu se mostrar dominante até o momento.

Agora, o Substack se tornou a mais nova empresa a entrar nessa disputa. A plataforma de newsletters lançou o Notes, uma ferramenta bastante semelhante ao Twitter que já vinha sendo desenvolvida havia algum tempo, e que já está disponível para todos os usuários. Diferentemente dos outros concorrentes que surgiram até o momento, o Notes nasce com a vantagem de o Substack já contar com uma base relevante de usuários, especialmente nos Estados Unidos, incluindo grandes nomes da mídia, entretenimento e política.

A escritora Alessandra Garattoni, que possui centenas de assinantes no Substack e é considerada best-seller na plataforma, diz que ainda não dá para comparar o público brasileiro ao americano, que já está habituado à ideia de que não existe conteúdo de graça. Ainda assim, ela conta que ficou surpresa desde que começou a monetizar seus textos na plataforma, há cinco meses. “Minha taxa de conversão é de 4% no Substack (percentual de assinantes que migra para a versão paga). É um público específico, que prefere pagar para ter um conteúdo espontâneo, livre de anúncios ou vendas. Mas eu acredito que será cada vez mais numeroso – nos EUA já são muitos jornalistas que trocaram veículos tradicionais pelo jornalismo independente no Substack”, diz.

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Recentemente, o Substack anunciou que ultrapassou a marca de 35 milhões de assinaturas ativas de boletins informativos, e que os leitores já pagaram mais de US$ 300 milhões aos escritores pela plataforma. Para Alessandra, não é possível comparar o Substack a outras redes, já que a plataforma se destaca justamente pelo fato de reunir pessoas dispostas a pagar diretamente por textos mais longos e densos. “O número de pessoas dispostas a consumir via Substack é e sempre será menor que o perfil que consome conteúdos rápidos no Instagram, por exemplo. Mas é uma audiência extremamente engajada, que está ali porque realmente gosta”, pondera.

O lançamento do Notes, que estava sendo testado por um grupo de usuários, foi uma resposta direta ao Twitter, que nas últimas semanas começou a boicotar o Substack ocultando dos resultados de pesquisa todas as notícias e links que mencionavam a plataforma.

O boicote começou no último dia 6, logo depois que o Substack anunciou que lançaria o Notes. O Twitter impediu que os escritores do Substack incluíssem tuítes em suas newsletters e, no dia seguinte, proibiu o compartilhamento de textos do Substack na rede. No domingo (9), o próprio Substack informou que as restrições pareciam ter chegado ao fim.

A postura do Twitter gerou reações, inclusive, de apoiadores de Elon Musk. Escritores que usam a rede social para divulgar os textos que publicam no Substack alegaram que as punições contrariam as declarações do executivo, que sempre se posicionou em defesa da liberdade de expressão.

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Depois de 15 anos no Twitter, Alessandra foi uma das pessoas que resolveram abandonar a rede. “Comecei a usar o Notes na semana passada, ainda na fase beta. Neste momento em que havia apenas poucas centenas de escritores por lá, revivi uma era de início de internet, com as pessoas felizes de conhecer outros escritores, feedbacks valiosos e um ambiente muito saudável. Com a abertura, logo surgirão os mesmos problemas e questionamentos que existem em outras redes, claro. Mas sinto, na grande maioria, um desejo genuíno de construir um espaço mais gentil e justo de trocas – torço para que se perpetue, pois decidi sair do Twitter depois dos recentes acontecimentos de falta de moderação para disseminação de ameaças e crimes”.

Como funciona o Notes

O Notes chega como uma alternativa ao Twitter, especialmente para os escritores do Substack que desejam ampliar o alcance de seus textos. No feed, os usuários encontram duas abas: “Home” e “Subscribed”. Na primeira, é possível conferir textos dos escritores seguidos e outras recomendações. Já a aba “Subscribed” exibe apenas textos dos escritores seguidos.

Interface do aplicativo do Substack

A ferramenta também permite que os usuários publiquem textos sem limites de caracteres acompanhados de fotos, GIFs ou links. As notas são exibidas apenas no site e no aplicativo do Substack e não vão para as caixas de e-mail dos assinantes. Os usuários podem interagir com as postagens por meio de botões de curtir, comentar ou compartilhar. A expectativa é que o Notes facilite o acesso dos usuários a novos escritores e agilize o processo de assinatura de novas newsletters.Ainda é cedo para dizer para onde o Notes vai apontar, já que acabou de ser aberto para o grande público. Mas eu apostaria mais na proposta de uma ferramenta completa, que alimenta seus múltiplos canais internamente. Embora ele não se oponha nem dificulte o compartilhamento de links de todas as mídias, há um quê de comunidade, com uma linguagem e um posicionamento bem particulares”, conclui Alessandra.

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