– E se, na verdade, o segredo estiver em deixar transbordar?
Como você enxerga o copo? Meio cheio ou meio vazio?
E no ambiente de trabalho, você é quem foca no problema ou quem busca a solução?
Não se engane. Este estado de pessimismo é muito mais comum do que parece.
O que ninguém conta, é que para ter bons resultados, é preciso criar gosto por algo que você aprendeu a detestar: o problema.
Você pode ter passado a vida toda fugindo dos problemas porque te ensinaram que eles são ruins ou evitáveis.
E se você descobrisse que isso tem tudo a ver com inteligência emocional?
Uma das 10 habilidades mais valorizadas no mercado, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, pode ser a chave para que você encontre métodos e bons motivos para virar a garrafa, até que o copo possa transbordar.
E se a sua pergunta é “como?” nós estamos aqui pra contar.
O que, raios, é essa tal de IE?
O responsável pela popularização do termo inteligência emocional no mundo é o psicólogo, escritor e PhD da Universidade de Harvard Daniel Goleman.
Para ele, a IE é a nossa capacidade de gerenciamento dos sentimentos, fazendo com que eles sejam traduzidos de maneira assertiva e eficaz.
Na prática, essa ciência aponta para o fato de que a inteligência de uma pessoa está – em muitos aspectos – atrelada ao controle das emoções. Ela serve para que nossas ações sejam a consequência do equilíbrio entre o que pensamos e o que sentimos.
Tudo isso, com reflexos na vida pessoal e profissional.
Mas para que seja possível, é preciso se atentar aos pilares, definidos por ele, como fundamentais para a construção e manutenção da IE.
5 pilares da Inteligência Emocional
Para que o seu aprendizado seja sistêmico e você possa transformar este conhecimento em realidade, aqui vão os cinco pilares da Inteligência Emocional.
São pontos que vão elevar a forma como você enxerga os processos de gestão e exposição dos seus sentimentos.
- Autoconhecimento – ou autoconsciência – emocional
O primeiro passo é saber exatamente quem você é e quais são as suas emoções predominantes.
Este pilar te dará a base para tomar atitudes estratégicas, mais conectadas com as suas reais necessidades sentimentais.
- Empatia
Ao contrário do que diz o senso comum, empatia não é sobre se colocar no lugar do outro com as suas próprias experiências.
Para ser genuíno, é necessário “ver” o mundo com os olhos de outra pessoa. Assim, você será convidado a exercitar uma visão menos egoísta, ainda que isso vá contra a sua expectativa.
- Automotivação
Esqueça os coachs de motivação ou livros de autoajuda como bengalas para suas ações.
A verdade, de acordo com a teoria de Goleman, é que você deve ser sua própria mola propulsora, independente das circunstâncias que insistem em te chamar à paralisia.
- Relacionamento interpessoal
Não menos importante, você deve se dedicar a construir relacionamentos pautados no respeito às emoções alheias, com ações que colaborem para o desenvolvimento de suas habilidades de interações sociais.
- Autorregulação ou controle das emoções
Por fim, é natural que você perceba variações emocionais ao longo da vida. Por isso, é primordial que você se concentre na capacidade de controlar os impulsos que podem levar a escolhas equivocadas ou atitudes pouco conectadas com a imagem que você quer passar.
Como a IE interfere na sua carreira?
De acordo com o relatório The Future Of Jobs, do Fórum Econômico Mundial (2020), a inteligência emocional segue sendo uma das 10 habilidades mais procuradas por empresas e empregadores na hora de contratar um colaborador.
Além de ser apontada como uma habilidade fundamental, ela também é a base para que profissionais consigam alcançar outras exigências do mercado.
Neste ponto, é importante dizer que as empresas buscam mais do que a qualidade técnica de um serviço.
Por isso, desenvolver a IE vai te oferecer uma série de benefícios como:
- Uma comunicação mais clara e assertiva
Pessoas que equilibram suas emoções, conseguem focar em uma comunicação pensada para atender as necessidades do outro e não delas mesmas.
- Boa gestão de conflitos
A partir da IE, o gerenciamento de conflitos deixa de ter um caráter pessoal e passa a ser pensado com o olhar para a solução.
- Mais equilíbrio para lidar com os problemas
Muitas vezes, você se afasta dos problemas por medo do fracasso ou incapacidade de lidar com as emoções. Mas, por meio da inteligência emocional, você se torna capaz de enxergar o problema como um campo de oportunidades.
De maneira objetiva, a inteligência emocional pode melhorar não só a relação com o seu próprio espelho e o seu bem-estar mental, mas a construção dos seus resultados em todas as outras áreas.
Você melhora a sua comunicação, desenvolve uma relação produtiva com colegas de trabalho e clientes, toma decisões com base em estratégias e alcança resultados mais positivos em todos os âmbitos da carreira.
Os benefícios de desenvolver a IE
Como dito no parágrafo anterior, não é difícil identificar os ganhos por trás dessa habilidade. Mas caso você ainda precise de motivos para desenvolvê-la, deixo três transformações significativas que você poderá experimentar a partir da inteligência emocional.
Pessoas mais positivas focam na solução e obtém mais resultados
Artigos relacionados a estudos acadêmicos das principais universidades do mundo, relacionam os resultados positivos nos estudos, nas vendas e no desempenho do trabalho em si, com a capacidade de se manter otimista e motivado apesar das circunstâncias.
Inteligência emocional gera resiliência
A partir da resiliência, você consegue projetar relações mais positivas com clientes, equipes de trabalho e pessoas ao seu redor. Como resultado, você colhe um ambiente muito mais adepto à inovação e aos índices de alta performance, já que pequenas “pedras no caminho” não são suficientes para abalar os sentimentos.
A sua liderança se tornará mais assertiva
Não estamos mais na era da gestão que move suas equipes por meio do medo. Por isso, as estratégias da inteligência emocional vão gerar os elementos importantes para que você convença pela inspiração e não pelo temor da represália.
Você se mostrará mais generoso e conseguirá convencer times inteiros a embarcar em ideias e na busca pelas respostas que você precisa.
Como transformar o aprendizado em prática?
Correntes da ciência apontam maneiras práticas de transformar a inteligência emocional em um canal direto para resultados consistentes.
Confira três passos que podem ser implementados a partir de agora em seu dia a dia.
1 – Evite a autossabotagem e foque na autoconsciência
É natural tentarmos buscar culpados externos para nossas falhas e fracassos. Apesar disso, é preciso estabelecer ações conscientes baseadas em nosso comportamento, nossas inclinações naturais e nossa personalidade.
Neste contexto, faça análises verdadeiras sobre seus pontos fortes e fracos para que as soluções possam ser encontradas com a velocidade que você precisa.
2- Controle as explosões
O papo de que “eu tenho um gênio forte” não cola para quem quer se transformar em uma pessoa emocionalmente inteligente.
Por isso, é necessário exercitar a sua capacidade de controlar as reações mais intensas, ainda que elas sejam instintivas. É um trabalho diário que exige ressignificar o seu modo de agir com as pessoas.
3 – Foque nas pessoas que estão ao seu redor e não somente em você
Aqui está a tarefa mais difícil. Focar suas emoções nas outras pessoas cobrará uma postura menos centralizadora de sua parte.
Tente pensar em como as pessoas podem reagir à sua maneira de ser e projete suas falas e ações com foco na colaboração. A partir disso, elas serão capazes de perceber sua “humanidade” e escolherão contribuir para a construção de uma relação mais próxima e positiva com você.
Mas atenção! Preciso ser honesta. Este não é um caminho de um só dia. Ler artigos ou livros não será suficiente para que a inteligência emocional se torne parte de sua rotina.
Para colocar os cinco pilares ou as dicas descritas aqui, em prática, você terá que exercitar a sua capacidade analítica e a sua resiliência. Isso porque, de um lado, os sentimentos devem ser avaliados cuidadosamente para que a estratégia seja desenhada. E do outro, você terá que aprender a se levantar, depois de algum obstáculo no percurso.
Lidar com sentimentos é escancarar a nossa vulnerabilidade e colocá-la na prateleira. Com o tempo, aprendemos a realizar trocas inteligentes, conduzir relações interpessoais com mais equilíbrio e valorizar as oportunidades que moram no caos.
Afinal, o quanto estamos dispostos a pagar por um pote cheio de problemas, pode ser a chave para os resultados transformadores que tanto dizemos querer.