Para quem trabalha direta ou indiretamente com a produção de conteúdo e elaboração de design, o nome Canva está longe de ser novidade. Fundado em 2012, na Austrália, ele soma mais de 120 milhões de usuários ativos – nas versões gratuita e paga – e 15 bilhões de projetos criados por lá.
As atualizações de funcionalidades fazem parte da rotina do site. Mas com a explosão das inteligências artificiais, os recursos estão ficando cada vez mais sofisticados para quem o utiliza, seja de maneira amadora ou profissional.
Na última edição do evento Create Canva, a plataforma anunciou o Assintant. Um conjunto de ferramentas, incluindo as alimentadas por IA, para auxiliar e otimizar os processos de criação de imagens e até edição de vídeos.
Não é mágica. É “Magic Design”
Se você quer elaborar imagens criativas, mas tem dificuldade de começar, a ferramenta Magic Design se apresenta como um assistente para a criação de peças a partir da inteligência artificial. Na prática, ela é capaz de gerar variados modelos derivados de uma imagem escolhida pelo usuário. Tudo com a possibilidade de ser editado ou substituído.
Não gostou de algum elemento? Pode trocar!
Outra novidade é o Magic Edit. O recurso possibilita que qualquer pessoa adicione, edite ou troque qualquer elemento em uma imagem. A partir de um comando de texto, você define o que quer incluir e a IA fará o trabalho por você.
Além disso, a plataforma oferece uma ferramenta para apagar algo indesejado em uma imagem (Magic Eraser) e adiciona 18 novas línguas em seu assistente de copywriting, lançado em dezembro.
Na batida
O ponto alto na apresentação das novidades não trata de imagens estáticas, mas sim dos vídeos.
O Beat Sync promete editar vídeos, sem a sua ajuda, sincronizando a batida da música com as imagens que você selecionar. Tudo de maneira automática.
Entretanto, vale ressaltar que a plataforma não pretende substituir o editor de vídeo humano, mas otimizar o tempo gasto com alguns passos manuais.
O Canva, assim como seus concorrentes, está na corrida pelo desenvolvimento das melhores estratégias que melhoram a usabilidade de seus aplicativos. Não somente com recursos relacionados à IA, mas ao processo de criação de design como um todo.
Designer raiz
E o que isso representa para os profissionais que trabalham na indústria criativa, mesmo antes da existência de sites simplificados como o gigante australiano?
Para o publicitário, designer e mestre em Comunicação e Territorialidades (Ufes), Glauber Rocha, que teve sua formação baseada em ferramentas mais tradicionais como o Photoshop, a existência de plataformas como o Canva não faz com que designers profissionais percam seu espaço. Para ele, o resultado vai sempre depender do artista e não da plataforma.
“Não tem salvação fora do designer. A salvação do trabalho dele está nele mesmo e na forma como ele usa essas ferramentas. Se ele não tiver uma experiência, se não tiver técnica suficiente, se não tiver olhar apurado o suficiente, independente da ferramenta que ele usa, o resultado provavelmente não vai ser bom, entende? Eu acho que, sim! As ferramentas mais novas, como o Canva, são muito úteis e auxiliam muito no trabalho do designer, mas o resultado depende dele mesmo. Depende de ele ter um olhar apurado, pois é isso que vai fazer o trabalho se diferenciar, para além da ferramenta.”
Quando o assunto é Inteligência Artificial, o especialista acredita que as ferramentas que a utilizam não são ameaças ao artista. Ao contrário disso, eles se complementam a partir da relação funcionalidade X essência.
“Eu não penso que elas são uma ameaça seja para qualquer profissão que esteja no campo da criatividade. Não penso que elas vão ameaçar a arte ou o designer. Eu acredito que elas são meras ferramentas, como qualquer outra ferramenta (…) Para o criativo, para o designer, para o artista, elas não têm que ser o fim, elas têm que ser um meio pra alcançar um resultado. Dos trabalhos que vi serem criados a partir da IA, o que me chamou a atenção não foi simplesmente o uso da inteligência artificial, mas o trabalho do designer em cima desse esboço”.
O debate aquece os pontos de vista, enquanto as ferramentas aprimoram suas funcionalidades.
O resultado? Criatividade em alta, acessibilidade para quem quer começar a se desenvolver na área e oportunidades de diferenciação para quem já faz isso há anos. Tudo junto, ao alcance de todos nós.