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Cibersegurança em foco

Google e Microsoft anunciam ferramentas que prometem melhorar a segurança para o usuário e especialistas analisam o cenário

A corrida pelo desenvolvimento da melhor tecnologia não é um cenário presente somente no último ano. A verdade é que, em todo processo de criação e aperfeiçoamento de uma inovação, não é só a utilidade prática, em si, que ganha os holofotes no debate público e privado.

Todos os dias, empresas e sociedade demonstram, em suas esferas, as preocupações com rumos, obstáculos e desafios da área. E quando o assunto é digitalização, a cibersegurança se mostra como uma questão central que apresenta desdobramentos constantes, na busca por um ambiente tecnológico mais seguro e preparado para proteger seus usuários. Entretanto, nem sempre a proteção é simples.

Para se ter uma ideia, somente em 2022, o Google afirmou ter removido mais de cinco bilhões de anúncios em sua plataforma, além de restringir 4,3 bilhões de propagandas e suspender mais de seis milhões de contas de anunciantes. Tais penalidades acontecem quando um perfil, página ou anúncio não cumpre as diretrizes definidas pela empresa. Grande parte deles abordava temas proibidos como drogas, armas, apostas online e conteúdo sexual. 

Na mesma linha de objetivos, as gigantes da tecnologia se movimentam para criar métodos, ferramentas e práticas que colaboram para a construção deste contexto ideal. 

A Microsoft, por exemplo, anunciou no fim do último mês o Security Copilot. Uma ferramenta operada a partir de inteligência artificial, focada na proteção de empresas. O sistema vai ajudar profissionais a localizar falhas, identificar ataques e possíveis ameaças. 

Segundo o CEO da Microsoft, Satya Nadella, durante o anúncio da novidade, o projeto é transformar os mais de 60 trilhões de sinais de ameaças recebidos, todos os dias pela empresa, em informação consistente, objetiva e fácil de ser absorvida. 

De modo simplificado, profissionais poderão conversar com a ferramenta – alimentada por IA, com funcionamento semelhante ao carro chefe da OpenAI – a partir de uma janela de chat. Lá, será possível obter informações sobre a ameaça de um ataque, sobre vulnerabilidades que precisam ser corrigidas ou ações em andamento. Tudo isso, podendo ser compilado em relatórios para serem apresentados aos públicos de interesse.

Pensando nos usuários, o Google também apresentou novidades. A central da plataforma – que se chama central de transparência de anúncio – vai mostrar se uma publicidade é verídica ou não, a partir de informações da loja, anunciante e produto. 

Com a reformulação da ferramenta, itens como: outros anúncios do mesmo anunciante; regiões em que as peças circularam; formato e data de inserção, estarão disponíveis para que o usuário possa atestar a sua confiança. 

O recurso pode ser acessado a partir do atalho “Minha Central”, disponível nos “três pontinhos”, localizado ao lado dos anúncios.

Toda essa movimentação, atesta o que o especialista em tecnologia da informação, Renato Feitoza, analisa sobre o tema.

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“Os mecanismos de segurança que as empresas estão usando, nessas inteligências artificiais, são justamente em prol de buscar confiabilidade e, principalmente, integridade dos sistemas das plataformas. Objetivando garantir, que quem está usando a ferramenta, consiga entregar algo que seja real e receber algo que seja confiável, na mesma medida.  A segurança da informação é o ‘X’ da questão das empresas. Pois elas travam uma corrida para identificar quem é a mais rápida e eficiente na entrega das respostas e da contextualização, ao mesmo passo em que veem a segurança como plano de fundo para essa construção.”

Para o senior sales engineer da Zscaler, Leone Tolesano, esses mecanismos fazem parte do próprio processo de evolução da internet e colaboram para que outras empresas utilizem os protocolos que fornecem mais segurança ao usuário e tornam o ambiente digital ainda melhor.

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“A internet foi fundada pelo governo americano. E ela nasceu para ser o mais aberta possível, para conectar redes, conectar a empresa, pessoas, rede de computadores (…) e hoje, a nossa economia gira em torno da internet. Existem órgãos reguladores, consórcios de empresas que tomam decisões desde como a tecnologia vai funcionar, até influenciar os legisladores. Por isso, as empresas têm um papel super importante, sim, na questão da segurança. Quando o Google cria um mecanismo de segurança, para você acessar um site de forma segura, por exemplo, ele abre um protocolo, um órgão regulador como o IEEE – Instituto de Engenharia e Eletrônica – e ele publica um artigo detalhado, aberto, sem patente fechada, de como introduzir esse tipo de protocolo. Isso vai sendo disseminado no mundo inteiro, gerando evolução e impulsionando a maneira como vivemos e experimentamos as tecnologias no dia a dia.”

Especialista analisa pilares da evolução 

Mesmo que o mercado de tecnologia viva de tendências, alguns pilares permeiam – ou deveriam permear – toda a construção e desenvolvimento na área. Para o analista em cibersegurança, Vernon Simões, as principais preocupações se relacionam com a privacidade, a cibersegurança e a responsabilidade social. 

Privacidade 

Para ele, o que se refere à privacidade, está relacionado com a própria conscientização da sociedade e a publicação da Lei Geral de Proteção de Dados, que pode muitas empresas que não estejam cumprindo seus deveres no cuidado com os dados de seus clientes e precisam estar atentos aos mecanismos de controle de acesso. 

“A questão da privacidade já está há um tempo no mercado. Ela é mais recente, aqui no Brasil. A lei geral de proteção de dados entrou em vigor em 2020. E, desde então, empresas têm tentado tomar medidas para reduzir o risco, mitigar o risco de que, no advento de um vazamento de dados, elas acabem sofrendo tanto um impacto reputacional que é basicamente o dano à imagem que elas vão sofrer perante os seus usuários, os seus parceiros e perante sociedade, no geral. Além, é claro, do impacto financeiro, a partir de multas por não estarem tomando medidas adequadas. 

Para ele, essa percepção da preocupação por parte das empresas fica nítida quando vemos lançamentos de aplicativos que fazem questão de afirmar o compromisso com a criptografia de ponta para a manutenção da privacidade dos usuários que não têm suas conversas reveladas. 

Cibersegurança

Sobre a cibersegurança, Vernon Simões afirma que existem três principais preocupações que estimulam o desenvolvimento de estratégias por parte das organizações. Neste aspecto, empresas maiores, que tem olhar atento para a sua reputação e não podem ser surpreendidas com as consequências desses vazamentos, investem cada vez mais em cibersegurança.  

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“Quando a gente fala de segurança, a gente está falando de três preocupações principais. Primeiro, criar resiliência operacional da empresa. A gente não quer que nenhum ataque cibernético acometa a empresa e crie indisponibilidade na prestação de serviço dela. Isso seria catastrófico. Para isso, as empresas criam processos capazes de mitigar essa questão. Outro ponto crucial é a proteção da propriedade industrial. Na prática, elas não querem ser vítimas de espionagem. Por fim, existe a preocupação com a proteção dos dados – sempre sensíveis – colhidos sobre os seus clientes.”

Responsabilidade Social

Por último, o analista aponta para a responsabilidade social como um dos fatores que estimulam o investimento em mecanismos de segurança, capazes de proteger a sociedade das injustiças e crimes de ódio. 

“O pilar da responsabilidade social é basicamente uma preocupação das grandes empresas de tecnologia, principalmente aquelas que trabalham em setores de comunicação, para poder moderar o discurso. É uma discussão um pouco difícil de se fazer, porque aqui a gente bate num problema de legitimidade. ‘Quem é essa empresa pra dizer o que que é moderado e o que é justo, o que não é justo? O que é discurso de ódio? O que é a verdade ou não?’ Mas já é, basicamente, consenso que alguns patamares mínimos têm que ser colocados como regra dessas tecnologias. Permitir que uma pessoa saia disparando um discurso de ódio, que é amplamente aceito – por exemplo, um discurso abertamente racista ou um discurso abertamente antissemita – sendo que essa pessoa tem visibilidade social, espera-se que o algoritmo daquela ferramenta consiga apagar o discurso, dentro daquela tecnologia. Então, empresas têm investido, tanto por cobrança de governo, quanto por cobrança de grandes associações de usuários que têm mais voz.”

Seja por meio de novas ferramentas ou em função de estratégias que coloquem o debate sobre os rumos dessa evolução, no centro das atenções, empresas se movem na corrida para oferecer uma tecnologia que transforma os resultados do que já conhecemos, atrelada à segurança que desejamos.

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