País ocupa 54ª posição em ranking global que avaliou o desempenho de 132 economias
O Brasil chegou, pela primeira vez, à vice-liderança da América Latina no Global Innovation Index, um ranking elaborado pela World Intelectual Property Organization que avalia o ecossistema de inovação de 132 países. O Chile ocupa a primeira colocação na região, e o México, depois de ser desbancado pelo Brasil, passou ao terceiro lugar do pódio.
No ranking global, o Brasil avançou três posições, e agora ocupa a 54ª colocação entre os países avaliados. Segundo o estudo, o bom desempenho do país se deve a avanços consideráveis nos chamados “resultados criativos”, que incluem indicadores de marcas registradas (19ª posição geral) e de criação de aplicativos móveis (34ª posição geral).
Para Daniel Cocco, Head de BI e Analytics d’O Novo Mercado, os avanços na área criativa refletem uma habilidade já conhecida dos brasileiros: a de se adaptar. “Os brasileiros são criativos porque precisam contornar as adversidades constantemente. Isso contrasta, por exemplo, com a rigidez que os alemães e asiáticos geralmente têm no que tange a regras, padrões. É claro que isso também tem um lado negativo, mas a gente pode e deve usar esse potencial”, diz.
Segundo ele, a inovação no Brasil deriva principalmente do digital, por se tratar de um mercado com barreiras mais baixas de entrada, principalmente no que diz respeito a investimento e burocracia. “Poucos anos atrás, sem tecnologia e inovação, você não tinha essa capacidade de uma escala gigantesca que a gente tem no digital hoje e que o brasileiro está descobrindo e sabendo aproveitar”, pondera Cocco.
No critério “sofisticação dos negócios”, o Brasil ocupa o 35º lugar geral. Outro destaque é que São Paulo aparece como o único hub de ciência e tecnologia da América Latina entre os 100 principais do mundo.
O relatório aponta ainda que o Brasil, assim como a Argentina, teve um crescimento bastante acelerado nos últimos cinco anos e que, considerando seu nível de desenvolvimento econômico, o país superou as expectativas no quesito inovação. O especialista diz, no entanto, que é preciso olhar com cautela para essa análise: “Talvez, na América Latina, acabe sendo uma questão da régua ser baixa. Historicamente é uma região que não cresceu em produtividade, que não investe nisso. Basta ver como as economias locais dependem até hoje de commodities”, alerta.
A Suíça lidera o ranking global de inovação, seguida por Estados Unidos, Suécia, Reino Unido e Holanda. Coreia do Sul, Cingapura, Alemanha, Finlândia e Dinamarca completam a lista dos 10 países mais inovadores do mundo. “Coreia do Sul e Singapura dão esperança pra gente, porque são exemplos de que dá para sair da posição de ‘país do futuro’ e tornar isso realmente palpável, concretizar esse potencial. Eram economias totalmente fechadas até algumas décadas atrás, e que agora estão mostrando sucesso nesse processo de emergência no cenário mundial”, diz Cocco.
“A gente ainda precisa superar a síndrome de vira-lata, de que tudo aqui é ruim. Muita gente deixa até de tentar por causa da burocracia, dos custos altos, porque tem uma cultura mais avessa ao risco. O Brasil deveria estar no top 5, não no top 50. Estar entre os primeiros da América Latina é um começo, mas o relatório mostra que ainda temos muito potencial para crescer”, conclui.