O enredo é clássico. “Milhares de pessoas perdem suas economias após acreditarem em promessas de retorno rápido e seguro”. Mas o escândalo envolvendo o app de negociação de criptomoedas, iEarn Bot, parece se apresentar como um dos maiores da história quando o assunto é investimento em moedas virtuais.
O modelo de entrega dos resultados prometido pelo app é simples. Você deposita um determinado valor e a inteligência artificial da plataforma faz as negociações que privilegiam os melhores retornos para você. Tudo visível em gráficos, alimentados em tempo real, para que o usuário acompanhe a “jornada” do seu dinheiro.
Até o dia em que a tela sumiu!
Clientes relataram às autoridades investigadoras do caso que, em determinado momento, o app passou a notificar um aviso de manutenção e, ao voltar, já estava com as carteiras virtuais zeradas, sem possibilidade de saques. Nem dos valores iniciais depositados e muito menos dos “lucros” do investimento.
Alguns fatores ofereceram a falsa impressão, aos clientes, de que se tratava de uma empresa séria. No próprio site, o iEarn Bot se apresentou com uma companhia dos Estados Unidos com parceiros estratégicos como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e empresas como Huawei e Qualcomm. Mas, na apuração dos fatos, todas elas disseram não conhecer o negócio.
Eram várias as formas de atração. Em alguns países, como Nigéria e Colômbia, líderes locais eram nomeados e direcionados a promover eventos de recrutamento para buscar novos clientes. Além disso, no começo das operações, os valores dos rendimentos realmente foram depositados, aumentando a “credibilidade” da operação.
Atualmente, milhares de pessoas esperam, na justiça, a solução para o recebimento do seu dinheiro. Mas ainda não há indícios de que o caso esteja perto de ser finalizado.
Investimentos demandam cuidado!
Este não é o primeiro caso de golpes relacionados ao mundo dos investimentos. E é provável que não seja o último. Por isso, o economista, referência em investimentos e opcionalidade, Luiz Fernando Roxo, alerta para este cenário:
“Investir é uma jornada de longo prazo que exige muito mais estudo do que ação. Você precisa passar bastante tempo estudando. E se a pessoa não tiver tempo, ela pode estudar aos poucos. Então, tem que considerar que como o investimento é um esporte de “velho”, é um esporte de longo prazo, é uma coisa que a gente vai ter que fazer para o resto da vida, é preciso estudar! E qualquer coisa que pareça muito boa, provavelmente é um golpe e tem um risco escondido, um risco oculto.”
Para o especialista, é importante avaliar variáveis que vão além da oportunidade de lucro e da promessa de altos ganhos. E neste aspecto, existem passos necessários para manter o seu patrimônio seguro.
“A grande dica é que independente da oportunidade de lucro, da oportunidade de ganho, 70, 80% do seu dinheiro tem que estar em investimentos ultra seguros, como Tesouro Direto, investimentos de curto prazo, CDBs de bancos de primeira linha, fundos de renda fixa de baixo risco, de renda fixa de grandes instituições (…) para que seja possível resgatar no mesmo dia ou no dia seguinte.”, atesta Roxo.
Essa estratégia, ainda segundo o especialista, faz com que, independente de acontecimentos inesperados, o seu dinheiro esteja protegido.
“Se você tiver 70, 80% por cento do seu dinheiro em ativos ultra seguros e diversificados, pode ter uma hecatombe mundial, um ataque alienígena ou uma chuva de meteorito. Mas você vai sobreviver, seu dinheiro vai ser salvo e você vai poder investir nas oportunidades.”
A outra parte da carteira (20%), de acordo com Roxo, pode ser investida de maneira mais arriscada, como na bolsa de valores, criptomoedas ou mercado internacional, por exemplo.
Segundo ele, essa estratégia – Barbell – é baseada em um cálculo matemático que garante previsibilidade e segurança para a sua realidade financeira no longo prazo.
“Essa regra possui uma lei matemática por trás dela, que se chama critério de Kelly, que garante que você jamais vai quebrar, jamais vai perder todos os seus investimentos, independente do que aconteça”. (Roxo)