Em meio a debates sobre um possível banimento nos Estados Unidos, o TikTok mostrou que, apesar das polêmicas, segue fazendo sucesso. O app desbancou o Instagram e foi o mais baixado ao redor do mundo no primeiro trimestre de 2023, segundo um relatório divulgado pela data.ai que traz detalhes sobre o desempenho de aplicativos.
A plataforma chinesa também lidera o ranking de gastos do consumidor, e aparece em quinto lugar quando o assunto é número de usuários ativos mensais. Não por acaso, o CapCut, aplicativo largamente utilizado para editar os vídeos que são postados no TikTok, também figura entre os mais baixados no primeiro trimestre do ano.
A evolução da tecnologia, incluindo a velocidade da internet, permitiu que os vídeos ganhassem cada vez mais espaço nos aplicativos, que se transformaram em verdadeiros canais de entretenimento para os usuários. “As pessoas que usam o TikTok, em sua maioria, consomem apenas o conteúdo que querem, porque não há tanto foco na entrega do que o algoritmo determina. Os vídeos são mais voltados para diversão e informação, e há um olhar muito menor para a influência e os publieditoriais”, explica a especialista em Marketing de Influência e Gestão de Conteúdo Evely Souza.
Evely diz que, além da “febre” das lives durante a pandemia, o TikTok foi um dos principais responsáveis pelo impulsionamento dos conteúdos em vídeo nas redes sociais. “Dentro do TikTok, os criadores se preocupam menos com a busca pela perfeição e criam vídeos mais divertidos e reais. Para competir, o Instagram criou os Reels, mas ainda há uma constante batalha com os algoritmos”.
Enquanto outras redes sociais tentam melhorar suas estatísticas de engajamento, o TikTok segue se destacando com um algoritmo potente, capaz de entender rapidamente as preferências do usuário e fornecer sugestões de conteúdo adequadas ao seu perfil.
“O TikTok já tem uma relevância enorme aqui no Brasil, principalmente pelas novas gerações, mas pode se tornar ainda maior se aliado cada vez mais a pautas sérias e educativas, permitindo que as marcas e os influenciadores tenham uma relação mercadológica mais orgânica, sem depender majoritariamente da monetização”, avalia Evely.
Instagram segue dominando
Apesar do desempenho inquestionável do TikTok, o Instagram segue sendo a rede social mais utilizada no mundo, com cerca de dois bilhões de usuários ativos, contra um bilhão do app chinês. Um levantamento feito pela ComScore revelou que, no Brasil, a plataforma da Meta também lidera o tempo de utilização, com média de 14,44 horas de uso por mês pelo público.
O YouTube aparece na segunda colocação, com 12,22 horas mensais, seguido pelo TikTok, que registrou uma média mensal de 9,27 horas de uso pelos brasileiros. A surpresa da pesquisa ficou por conta do Kwai, concorrente direto do TikTok, que ocupou 7,16 horas por mês na vida dos brasileiros. O Twitter, por sua vez, aparece entre as últimas colocadas, com média de 2,49 horas mensais.
A influenciadora Debs Aquino, que está no Instagram desde 2012 e acumula mais de 150 mil seguidores em seu perfil, conta que a chegada do TikTok não impactou sua produção de conteúdo e que não pretende migrar para a “rede vizinha”. “Nunca gostei do TikTok, porque ainda tenho essa percepção de que é uma rede de dancinha, sabe? Depois que conversei com dois influenciadores grandes que começaram a produzir muito para o TikTok, até ensaiei e comecei a colocar uns vídeos lá, mas não acho que seja uma rede que traz o meu tipo de cliente”, diz.
Segundo Evely, casos como o de Debs são comuns, já que nem todos os influenciadores conseguem se adaptar às novas plataformas, ou não possuem um público compatível com determinada rede social. “Para escolher a melhor opção de rede ou redes para marcar presença, é necessário avaliar o público e a experiência dos seguidores e dos usuários dos produtos e serviços nas redes já existentes e garantir maiores esforços em produzir conteúdo ali. De qualquer modo, ainda acho imprescindível ter um perfil no Instagram para a divulgação de uma marca e para o mercado de influência, por haver uma maior presença de usuários nessa rede aqui no Brasil”.
Para a especialista, a melhor maneira de reter o público em uma rede social é criando conteúdos que sejam, ao mesmo tempo, divertidos e informativos e utilizando todos os recursos disponíveis nas plataformas, como músicas que estejam “em alta” e legendas. “Outra coisa que ainda funciona bastante, no caso dos influenciadores, é mostrar a rotina de forma mais humanizada e mais perto da realidade dos seguidores, pois as pessoas ainda têm muita curiosidade pelo que acontece na vida dos outros e querem se sentir próximas a essas inspirações”, diz.
Para Debs, em um mundo onde o maior ativo das pessoas é a atenção, a melhor maneira de reter a audiência é conhecendo exatamente quem é o seu público. “Eu, por exemplo, sei que a minha persona tem de 35 a 55 anos. Embora seja um range de idade muito grande, consigo entender as preferências dessas mulheres. A retenção da atenção hoje se dá pela autenticidade, e por isso que acredito que, quanto mais autêntica você for, mais você vai se conectar com o seu público”, conclui Debs.