Um relatório apresentado, no fim do último mês, pela Squid, buscou definir o perfil dos criadores de conteúdos brasileiros. A pesquisa analisou mais de 4.000 creators, entre participantes da base da empresa e outros, de fora dela.
Nos resultados, é possível ver que 74,7% dos influenciadores são mulheres. Do restante da amostra, 19,1% são homens, 0,9% não-binários, 0,4% são mulheres trans e 4,7% com outras classificações.
A região do Brasil com maior concentração de influenciadores é a Sudeste, com 61%. Enquanto a menor é a Norte, com apenas 3%do total. Nordeste, Sul e Centro-oeste, concentram 19%, 11% e 6%, respectivamente.
No que diz respeito ao recorte racial, os dados apontam que apenas 16% são pessoas pretas. 49% são considerados brancos e 31% dizem se identificar como pardos.
A geração predominante está na faixa entre 30 e 39 anos, com 36%. Logo em seguida, com 26%, os pertencentes ao grupo que tem entre 24 e 29 anos. Do total, 21% têm entre 16 e 24 anos e 17% são “40+”.
Quando o assunto é o número de seguidores, apenas 1,3% apresentam mais de um milhão de seguidores, fazendo com que a análise demonstre que o país é composto, predominantemente, por micro influenciadores. Somados, os que acumulam entre 1000 e 50.000 seguidores são 78%. E de toda a amostra, 8% têm entre 50.000 e 100.000 seguidores em sua base.
Um nicho autêntico e uma história de sucesso
Parte dos 8% dos dados colhidos na pesquisa, Naiara Barbosa, ou Naiziinha – como é conhecida em suas redes sociais – acumula mais de 75 mil seguidores orgânicos, produzindo conteúdo e oferecendo infoprodutos para o público bariátrico. A influenciadora conta que sua trajetória de crescimento começou em 2019, pouco tempo antes da pandemia e oportunizou uma transição de carreira que se sustenta até hoje.
“A minha história, no digital, começou em 2019, apenas dois meses antes de estourar a pandemia. Eu não tinha pretensão de ser criadora de conteúdo no nicho que eu atuo, que é a cirurgia bariátrica. Tudo aconteceu de uma forma muito natural, mas também muito rápida. Em apenas dois meses, eu tive que ter uma decisão sobre a minha transição de carreira. Eu trabalhava como gerente administrativa e me tornei influenciadora digital e, hoje, especialista, infoprodutora e co-produtora. Eu atuo em outras vertentes, atualmente, dentro do digital.”
Naiziinha ainda conta sobre como o nicho foi escolhido e mostra que a autenticidade de contar a sua real história fez com que a conexão com seus seguidores fosse natural, com resultados expressivos, desde os primeiros conteúdos produzidos.
“Eu fiz cirurgia bariátrica há treze anos e em 2019 eu passei por um processo de reganho, quando engordei 26kg. Eu decidi mudar os hábitos com as pessoas do setor do meu trabalho e comecei a documentar isso no Instagram. Eu tinha uma audiência de duas mil pessoas. Não eram nichados em bariátrica. E logo no início do reels eu fiz um conteúdo, aproveitando os vídeos que estavam saindo. Eu falei sobre ter feito a bariátrica e ter engordado. Esse vídeo viralizou. Eu ganhei mais de 20 mil seguidores em uma semana. E começaram a chegar muitas pessoas interessadas em saber sobre o assunto. Eu também tive que estudar para criar o conteúdo que eu faço hoje e em apenas um mês eu já tinha recebido a minha primeira proposta de parceria 100% digital. Com a pandemia, as lives ficaram muito fortes, eu aproveitei essa onda e fiz lives praticamente todos os dias. Me conectei com vários especialistas que também falavam sobre cirurgia bariátrica e comecei a pegar muitas parcerias que dependiam do digital. Dessa forma eu fui lapidando o meu conteúdo, criando infoprodutos e também monetizando com a minha página que é 100% orgânica. Eu cresci de forma orgânica, eu crio conteúdos orgânicos e hoje em dia faço tráfego pago somente quando eu tenho algum lançamento. Mas, mesmo assim, a minha conversão orgânica é muito alta.”
Transformando vidas a partir de experiências e aprendizados
Para a influenciadora, se dedicar a um público nichado, que busca informações de qualidade e persistir no crescimento digital, foi fundamental para que ela conseguisse criar uma trajetória de sucesso e realizações em sua vida pessoal e profissional.
“O meu público é um público completamente nichado que quer entender sobre cirurgia bariátrica, cirurgia reparadora e todas as vertentes que envolvem saúde, mudança de vida. Foi a internet que me proporcionou morar em Alphaville, encontrar pessoas no mundo inteiro que se conectam comigo, com a minha história e transformar vidas. Eu acho que o meu papel hoje no digital, mais do que monetizar com a internet – que é realmente uma possibilidade infinita por conta da escala – é transformar vidas. Eu entendi que, com o meu trabalho, eu consigo tirar pessoas da depressão, fazer com que pessoas que tiveram reganho recomeçassem o tratamento de emagrecimento pós-bariátrica, acalmar o coração de pais e mães que estavam ansiosos pelo processo da bariátrica de um filho ou até mesmo acalmar o coração de uma pessoa que está passando pelo processo ainda.”
Por fim, ela ainda mostra como escalou os resultados de sua produção de conteúdo em frentes de monetização, que fornecem materiais ainda mais exclusivos, transformadores e educativos para os “alunos”, de maneira acessível de democrática, além de promover o crescimento de sua carreira no digital.
“Hoje promovo encontros – ao redor do Brasil – de bariátricos. Também criei a plataforma Tropa Barivilhosa, que é o acompanhamento pós cirurgia bariátrica mais barato e mais completo do Brasil. Estamos conseguindo democratizar o acesso à saúde pós-cirurgia bariátrica, diminuindo também o preconceito. (…) A internet salvou a minha vida, transformou a minha história e eu sou muito grata por ser influenciadora, criadora de conteúdo, empresária, especialista, seja lá qual o nome que as pessoas queiram dar ou que eu me tornei. Mas, com certeza, sem o digital eu não seria quem eu sou hoje”