Inteligência artificial ganha cada vez mais peso no desenvolvimento de funcionalidades
Vivendo à sombra do Google desde que surgiu, o Bing, buscador da Microsoft, pode estar prestes a virar o jogo. A empresa fundada por Bill Gates anunciou que a nova versão do mecanismo de busca ganhou recursos de inteligência artificial desenvolvidos pela OpenAI, mesma desenvolvedora do ChatGPT.
O novo Bing vai contar com uma interface parecida com a do ChatGPT, e será capaz de responder a praticamente qualquer pergunta. A busca de informações será feita em tempo real, e as respostas serão enviadas aos usuários diretamente de diferentes sites. As fontes consultadas para a criação das respostas serão exibidas como notas de rodapé.
Ao contrário do que muita gente apostava, a tecnologia de IA por trás do Bing não é o ChatGPT. Trata-se de uma versão atualizada, batizada de Modelo Prometheus, que é capaz de entregar resultados de pesquisa ainda mais relevantes.
Durante o evento em que as novidades foram anunciadas, o Bing atendeu a alguns pedidos bastante específicos, como comparar os três pintores mexicanos mais influentes e suas obras, ou criar um roteiro para uma viagem de cinco dias ao México. Os resultados foram surpreendentes.
Quem usa o navegador Edge vai poder acessar o recurso de busca por meio de um atalho, sem precisar entrar na página do Bing. As respostas também poderão ser visualizadas sem a necessidade de abrir um link à parte.
A Microsoft anunciou ainda uma outra ferramenta baseada em inteligência artificial: o Compose vai funcionar como um assistente de redação, e será capaz de entregar ao usuário textos prontos para postagens em redes sociais e e-mails, por exemplo.
A nova versão do Bing já está disponível para alguns usuários nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, quem acessa o site do buscador precisa selecionar a opção “chat” e clicar em um botão para entrar na lista de espera de acesso ao novo Bing. A expectativa é que o cronograma de lançamento seja liberado pela Microsoft nas próximas semanas.
Google corre atrás
Depois de tantos anúncios da Microsoft, é claro que o Google rapidamente se movimentou e está correndo para não ficar para trás. A gigante anunciou o Google Bard, seu concorrente para o ChatGPT. A empresa ainda não tem planos de liberar a ferramenta, mas anunciou que ela irá se conectar diretamente à internet (o que, no caso do ChatGPT, será feito através do Bing).
O CEO do Google e da Alphabet, Sundar Pichai, afirmou que a empresa foi reorientada em torno da IA há seis anos, e que enxerga a inteligência artificial como o meio mais importante para cumprir sua missão de “organizar as informações do mundo e torná-las universalmente acessíveis e úteis”.
Segundo o Google, o Bard combina feedbacks externos com testes internos para que as respostas “atendam a um alto padrão de qualidade, segurança e fundamentação em informações do mundo real”. A expectativa é que a ferramenta comece a orientar as pesquisas no buscador em breve, mas ainda há muito a ser aperfeiçoado.
No último dia 08, as ações da Alphabet perderam mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado, depois que a Reuters apontou informações imprecisas no anúncio divulgado pela empresa. A peça de divulgação mostra o Bard recebendo a seguinte pergunta: “Que novas descobertas do Telescópio Espacial James Webb (JWST) posso contar ao meu filho de 9 anos?”.
Uma das respostas dadas pelo robô sugere que o telescópio foi o responsável por fazer as primeiras fotos de um planeta fora do Sistema Solar, mas a agência de notícias classificou a informação como “imprecisa”. A Nasa confirmou que, na realidade, as primeiras fotos de exoplanetas foram tiradas em 2004 pelo Very Large Telescope (VLT), do European Southern Observatory.
Um porta-voz do Google disse à Reuters que o ocorrido “destaca a importância de um processo de teste rigoroso”, que seria iniciado na mesma semana.