Inquietações
por Jonatas Figueiredo

#61 – Por que a água ferveu?

Oras, porque Deus existe.

23 de fevereiro de 2025

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Jonatas Figueiredo

CEO d’O Novo Mercado

“Meu filho”.

Eu não sei descrever o que senti.

Num relance eu senti orgulho, mas imediatamente depois fique constrangido e incomodado por ser exemplo pra isso, e logo em seguida outro sentimento tomou a frente: a resposta não deveria ser óbvia? 

Minha mãe foi quem disse isso em resposta à pergunta de um parente que lhe questionava se ela conhecia alguém que “realmente acreditava em Deus de forma racional”.

A começar pelo fato de que precisarei ignorar o oxímoro para conseguir falar sobre qualquer outra coisa aqui (afinal, é possível “crer logicamente”?), também precisarei passar por cima do sentimento revelado acima de essa talvez seja uma posição louvável, mas sim a revelação de uma profunda falta de fé inata, comportamento duramente criticado no Livro Sagrado.

Mas é fato, seja feliz ou infelizmente: minha “crença” na existência de um deus criador é resultado de muito estudo, questionamento e depuração lógica.

Por mais que eu esteja sempre tangenciando este assunto por aqui, eu raramente falo abertamente sobre ele porque o julgo demasiadamente complicado e também terrivelmente íntimo.

Mas recentemente tenho sentido mais e mais vontade de falar sobre o assunto, ao ponto de ter falado abertamente sobre minha cosmovisão e como ela guia minha filosofia sobre empreendedorismo e a responsabilidade do indivíduo na sociedade ao ser chamado para palestrar em um evento recente.

A palestra foi um sucesso.

Decidi trazer esse tema pra cá, como um ensaio antes de encontrar o parente com o qual, agora, terei de compartilhar a difícil jornada intelectual que tive de traçar para ficar em paz com a fé dos meus pais.

A pergunta que queremos responder com o texto de hoje, portanto, é: “por que a água estava fervendo?”

Cientistas e o fracasso da autoridade.

Como um militante político em remissão, uma das coisas que mais me irritam nos “grandes temas de debate” é que, de verdade, quase ninguém parou para estudar os temas que querem debater.

Talvez o único caso pior do que esse seja aquele da pessoa que, ao estudar e conhecer um pouco mais do tema, descobre que sua posição original é insustentável, mas toma a decisão deliberada de continuar defendendo-a por puro partidarismo.

Esse é o caso da maioria… de nós. Todos caímos nesse erro, e quanto antes você reconhecer esse fato e passar a monitorá-lo, mais rápido você consegue começar a aprender as coisas pra valer e construir uma vida mais próxima da verdade.

A gente cresce ouvindo falar do conflito entre religião e ciência. O conflito existe, mas não pelo motivo que você imagina: não tem nada a ver com religião ou ciência, mas com política.

Inflamado pelo iluminismo e pelas disputas com Galileu e Copérnico, uma narrativa se formou e nunca mais foi abandonada por todos aqueles que insistem em usar, erroneamente, uma coisa no lugar da outra. 

Mas não é muito difícil entender a diferença, não: a Ciência existe para explicar “como”, enquanto a religião deveria se preocupar com “por quê”.

Porque não querem crer

Honestamente, se você está lendo com atenção, você foi capaz de entender essa diferenciação em menos de 1 segundo… que dirá pessoas cuja vida toda é dedicada a deduzir o comportamento de partículas próximas ao horizonte de eventos de um buraco negro.

Então, por que será que justamente esses personagens são alguns dos maiores partidários dessa discussão, apropriando-se da sua autoridade como cientistas para proclamar a completa ausência de causas e, por consequência, alimentando o ego de sobrinhos ateus que nas mesas de família apontam suas tias religiosa como ignorantes irrecuperáveis?

Não seria essa postura uma completa desonestidade?

No mínimo, uma pessoa bem inteligente está cometendo um erro crasso ao sair da sua zona de competência e tentar determinar uma resposta quando sua melhor capacidade é a fazer perguntas.

Por que não querem crer?

A hipótese reativa imediata é sempre a afirmação de que alguém que não quer acreditar na existência de um ser superior está tentando fugir das consequências dessa crença: terão de subjugar-se a algum tipo de desejo externo desta figura maior.

Mas a minha experiência é que a maioria das pessoas na verdade nunca levou o assunto muito a sério. Eu as chamo de negligentes.

Isso porque bastariam 30 minutinhos de pesquisa séria sobre o assunto para que elas descobrissem o argumento racional de um dos cientistas e filósofos mais relevantes dos últimos 400 anos sobre os riscos de negligenciar este assunto.

E se Deus não existisse

Dennis Prager tem um protocolo muito interessante toda vez que vai conversar com um ateísta sobre Deus. Ele começa questionando: “você preferia estar enganado?”

Essa pergunta é muito inteligente porque sua resposta traz, imediatamente, perfeita clareza sobre o tipo de pessoa que você tem diante de si.

Se o ateísta, mesmo não crendo, preferiria estar errado, isso indica que ele de fato entende quão terríveis são as consequências de um cenário em que não há deus. Já se o oponente preferiria estar certo sobre sua descrença, isso revela algum problema – falta de maturidade, de reflexão, no mínimo, ou alguma desonestidade intelectual.

Eu consigo entender – e falo sério! – quem tem dificuldade de crer. Mas é impossível entender o cinismo de alguém que, de posse das conexões neurais necessárias para processar a tragédia da existência puramente material, não demonstre preocupação.

Diferentes tipos de explicação

Mas na minha opinião, um dos maiores argumentos em defesa da existência de Deus é simples: não haveria argumento se Ele não existisse.

Todo este texto, toda esta discussão, toda a capacidade de estruturação lógica de um raciocínio só existem porque há sentido.

Significado” seria a tradução mais precisa, na verdade.

Se tudo o que temos é um mero acidente, um mero fluxo aleatório de movimentos em cadeia infinita, nada tem significado – nada faz sentido.

Mas o fato de você estar lendo este texto há algum tempo prova exatamente o contrário: há significado (cada uma dessas palavras tem significado; as minhas frases, somadas, têm significado; meus argumentos levam a uma conclusão que faz sentido) e, portanto, há Deus.

Quer ver?

Afinal, por que a água estava fervendo?

Bom, a resposta poderia ser porque o calor transferido pela chama do fogão agitou as moléculas de água, aumentando sua energia cinética e à medida que a temperatura subiu essas moléculas começaram a se mover cada vez mais rápido, até que algumas adquiriram energia suficiente para superar as forças de atração que as mantinham no estado líquido e bolhas de vapor subiram à superfície, liberando calor para o ambiente e

Não.

A água estava fervendo porque eu queria fazer um café.

“Deus não é ‘um tipo de explicação’. Ele é o motivo pelo qual qualquer explicação é possível.”
― Dr. John Lennox

Obrigado,
Jonatas Figueiredo.

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